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Reporteres sem fronteiras

Veja

A revista Veja foi fundada em 1968, no período mais duro da Ditadura Militar (1964-1985), por iniciativa de Roberto Civita, filho do empresário de mídia ítalo-americano Victor Civita, fundador do Grupo Abril. Apesar da crise financeira e de credibilidade que enfrenta atualmente, permanece como a revista de maior tiragem no Brasil, com a publicação média de 1.111.968 exemplares, muito à frente da segunda colocada, a revista Época, da Editora Globo, com média de 340.195 exemplares (IVC 2016).

Roberto Civita nasceu em Milão, em 1936, e se mudou com a famíia para o Brasil em 1950, depois do período em que a família de judeus italianos morou em Nova York. Aos 22 anos, estagiando na revista Time (EUA), foi chamado pelo pai para assumir as publicações das revistas do Grupo Abril. Foi então que surgiu o projeto que mudou a cara da editora: as publicações de atualidades Realidade (1966–1976), focada em grandes reportagens, e Veja (desde 1968), especializada em cobertura política, e a versão brasileira da revista Playboy (1975–2015).

A biografia oficial de Roberto Civita destaca seu papel na “defesa da liberdade de imprensa e da democracia”. As revistas Veja e Realidade, de fato, foram fundadas a partir de um viés mais progressista: o primeiro editor da revista foi o jornalista Mino Carta e seu contrato assinado com a Abril garantia a independência editorial da revista em relação ao grupo. Sob a direção editorial de Carta, a revista publicou uma série de matérias que contrariavam os governos militares, como as denúcias da repressão ao congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna (SP), em outubro de 1968; a edição do Ato Institucional nº 5 (AI-5), inaugurando a fase de maior endurecimento do regime militar; a morte pela Polícia do Exército de Chael Charles Schreier, contrariando as declarações do governo militar de que não havia tortura no Brasil. A revista Realidade, no início, seguia a mesma linha editorial, com reportagens mais longas: falou sobre a ditadura de François Duvalier no Haiti; entrevistou personalidades políticas exiladas como João Goulart, Leonel Brizola e Celso Furtado; publicou trechos do Diário de Che Guevara; e fez uma edição especial sobre a mulher com temas polêmicos como aborto e virgindade. As duas revistas, porém, foram se tornando cada vez mais conservadoras e se afastando da defesa da democracia.

A revista Realidade, já em 1969, voltou-se mais para temas comportamentais e publicou reportagens sobre as ações do governo militar, entrevistas com lideranças do regime e um perfil elogioso do general Emílio Garrastazu Médici. A Veja mudou o seu perfil em 1976, com a saída de Mino Carta por pressão dos militares, e o controle cada vez mais direto de Roberto Civita sobre sua linha editorial. Sob a direção de Roberto Civita e a direção editorial de José Roberto Guzzo, seguido de Mário Sérgio Conti, a revista passou a defender mais claramente a menor interferência do Estado na economia, a abertura para o capital estrangeiro, as privatizações, a condenação das movimentos sindicais e o processo de abertura do regime de forma “gradual, lenta e segura”, como queriam os militares. Com a redemocratização, defendeu sempre os candidatos de centro-direita e direita nas eleições para presidente.

A revista atingiu a liderança de audiência que se mantém até hoje nos anos 1980. Interferências políticas e econômicas no trabalho dos jornalistas do grupo continuaram. Em 1995, por exemplo, Roberto Civita pediu ao jornalista esportivo Juca Kfouri que não mais criticasse o presidente da Confederação Brasileira do Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, nas páginas da revista Placar, levando o jornalista a pedir demissão da empresa depois de 25 anos de serviços prestados. A defesa de posições políticas e econômicas ligadas aos interesses do grupo também continuam. Essa defesa é estampada em capas sensacionalistas que constroem discursos maniqueístas. No início dos anos 2000, por exemplo, ficaram famosas as capas da Veja que demonizavam as lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em 2016, antes do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a revista antecipou a comemoração numa capa que trazia a foto de Dilma e a manchete: ”Fora do baralho” (20/04/2016).

Depois da morte de Roberto, em 2013, o Grupo Abril passou a ser administrado por seus filhos: Giancarlo Civita e Victor Civita Neto. Buscando atrair investidores depois da queda em suas receitas publicitárias, a revista mudou sua equipe editorial, colocando o repórter André Petry na direção. A mudança não agradou aos leitores mais conservadores da revista. A capa de 11/10/2017 chamou o deputado federal da extrema-direita, Jair Bolsonaro (PSC–RJ), de “ameaça” ao Brasil, e recebeu críticas de leitores e correligionários e do próprio Bolsonaro, que classificaram a capa de “fake news”. Na semana seguinte, a capa trazia a reportagem sobre o cotidiano de famílias que têm filhos transgêneros. A reação foi ainda mais forte: a hashtag “Veja lixo” ficou em primeiro lugar no Twitter, acompanhada de mensagens que acusavam a revista de ter se tornado de “ultra-esquerda” e de defender “ideologia de gênero”.

Texto publicado em outubro de 2017.

Informações Básicas

Participação na Audiência

15.88% (IVC 2016)

Tipo de Propriedade

Privado

Cobertura Geográfica

Mídia nacional

Tipo de Conteúdo

Conteúdo pago (magazine)

Dados Publicamente Disponíveis

dados de propriedade são facilmente acessíveis em outras fontes, como Juntas Comerciais etc

2 ♥

Empresas de Mídia / Grupos

Grupo Abril

Propriedade

Quadro Societário

Veja pertence ao Grupo Abril. O grupo era de propriedade da família Civita (70%) e do conglomerado de mídia da África do Sul Naspers (30%) até janeiro de 2019, quando o CADE - Conselho Administrativo de Defesa Econômica, aprovou a venda para a Cavalry Investimentos, do empresário Fábio Carvalho, dono das redes de lojas Casa & Vídeo e Leader.

Grupo / Proprietário Individual

Empresas de Mídia / Grupos
Fatos

Informações Gerais

Ano de Fundação

1968

Fundador

Roberto Civita – filho do fundador do Grupo Abril, Victor Civita; herdou do pai o controle do Grupo Abril e do negócio de revistas do grupo.

CEO

Marcos Haaland - sócio da empresa de recuperação judicial Alvarez & Marsal, com experiências nos setores do agronegócio, de alimentos e de óleo e gás, é presidente do Grupo Abril desde julho de 2018.

Editor Chefe

André Petry é diretor de redação da Veja desde 2016. Segundo o jornalista Luiz Nassif, a troca no comando editorial da revista está relacionada a uma tentativa de mudança da imagem do periódico, depois de anos de aposta em um público de "ultradireita".

Outras Pessoas Importantes

O Conselho Editorial da revista é formado por Victor Civita Neto (Presidente), Thomaz Souto Corrêa (Vice-Presidente) e Giancarlo Civita.

Contato

Sede São Paulo - SP - Caixa Postal: 11079 - CEP: 05422-970, São Paulo, SP - Fax: (11) 3037-5638 - E-mail: veja@abril.com.br - www.veja.abril.com.br

Informações Financeiras

Receita (US$ M)

Sem Dados

Lucro Operacional (US$ M)

Sem Dados

Publicidade (% da receita total)

Sem Dados

Participação no Mercado

Sem Dados

Outras Informações

Notícias

https://www.revistaforum.com.br/mariafro/2011/09/02/venicio-lima-ate-quando-no-brasil-a-midia-sera-um-poder-acima-de-todos-os-outros

Revista Fórum. Reportagem publicada na revista Veja é acusada de violar a ética do jornalismo. Accessed 1 october 2017.

Fontes do Perfil do Veículo

http://portfoliodemidia.meioemensagem.com.br/portfolio/midia/VEJA+NACIONAL/19037/home Meio & Mensagem. Portfolio: Veja. Accessed 1 october 2017.

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